A Web3 já é uma realidade. Esse novo capítulo da revolução da Internet instaura novos conceitos, expande ainda mais as possibilidades, e aponta para um mundo de interações e negócios descentralizado, colaborativo, dinâmico e inclusivo. O que isso significa? Que os rumos da tecnologia estão mudando. A lógica é que a próxima geração da Web permita que os usuários controlem seus dados e escolham com quem compartilhá-los. Além disso, a Web3 traz avanços como a melhoria do armazenamento de dados e o consequente surgimento de uma nova geração de aplicativos mais confiáveis, baseados em blockchains. Uma nova realidade que levará a novas ondas de inovação. E o mercado de Venture Capital não passará ao largo da mudança.
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Pesquisa divulgada pelo Cointelegraph, com uma análise de todos os negócios e tendências de capital de risco na indústria de blockchain durante o segundo trimestre de 2022, aponta que a Web3 vem se tornando o setor de maior interesse para capitais de risco. Nesse período, a terceira geração da Internet conquistou cerca de 42% de todos os negócios individuais, deixando o DeFi (finanças descentralizadas), até então na liderança, em segundo lugar (16%). Além disso, sete dos dez fundos de Venture Capital mais ativos escolheram a Web3 como o setor de escolha para investimento.
A Web3
Para falar sobre a mais recente fase, é preciso começar do início. A Web 1.0 data o momento da criação da Internet, um marco na história por representar a democratização do acesso à informação. Entretanto, nesse momento, a posição dos usuários era passiva. Navegando em páginas estáticas, muitos consumiam os conteúdos, mas eram poucos os que criavam.
Mais usuários, mais investimentos e o avanço das tecnologias tornaram o acesso à Internet mais dinâmico, rápido e ao alcance de todos. A Web 2 marcou uma nova era, permitindo maior engajamento dos usuários através da produção de conteúdo. Redes sociais e blogs viraram febre e o acesso à Internet já estava muito mais democratizado. Essa nova fase possibilitou que os usuários tivessem um papel mais ativo. E a Internet só cresceu. Hoje, o número de usuários já alcançou a marca de 4,6 bilhões, segundo relatório produzido pelo We are Social e Hootsuite em 2021. O que antes era possível acessar apenas em um computador, hoje é possível postar e navegar praticamente em qualquer lugar. Smartphones, tablets, televisões, relógios, e muitos outros objetos do dia a dia estão conectados, marcando a chamada Internet das Coisas (IoT).
No mesmo passo, os investimentos na rede mundial de computadores aumentaram exponencialmente. As pessoas estão cada vez mais conectadas e as empresas foram se estruturando para atender esse mercado, investindo em estratégias para aprimorar ainda mais a experiência de seus clientes.
Mas, de certa forma, a Web2 também trouxe o controle e a centralização dos dados e plataformas pelos grandes players de tecnologia.
E é agora que chegamos à Web3, quando um novo mundo se abre, com novos conceitos e tecnologias impulsionadas por ela. Mais do que uma nova ferramenta, a Web3 ilustra uma mudança de comportamento das pessoas e, consequentemente, do mercado.
Nesse novo mundo, a interação entre humanos e máquinas passa a ser muito mais rápida, com menos falhas, mais dinâmica e interativa, facilitando diversos processos de descentralização. Ferramentas como a Inteligência Artificial (IA) e o Machine Learning (ou aprendizado de máquina) são capazes de gerar otimizações automatizadas que oferecem experiências muito mais personalizadas em tempo real. Com a Web3, diversos processos de descentralização foram ainda mais acelerados. Nas finanças, por exemplo, o uso de carteiras digitais e moedas digitais torna possível que pagamentos e vendas sejam feitos de formas dinâmicas e diversas, como o consumidor preferir.
Um exemplo deste movimento são as NFTs
O Brasil é o segundo maior mercado de Tokens não-fungíveis (NFTs) do mundo. Com 5 milhões de proprietários de NFTs, o país só está atrás da Tailândia, que tem 5,6 milhões, segundo pesquisa realizada pela consultoria Statista. Nesse cenário, as NFTs podem ser a nova base para construir um mercado digital multifacetado, estimulando uma maior conexão entre consumidores e marcas.
Mas, afinal, o que são NFTs? Esses tokens são representações digitais de um ativo, ou seja, são certificados digitais de propriedade que têm como base a plataforma blockchain. Podendo ser atrelados a fotos, gifs, memes, itens de jogos, músicas e até a um tênis virtual. As NFTs são não fundíveis e autênticas, assim quanto mais exclusivas e inusitadas, maior o seu valor de mercado.
Em março deste ano, Mark Zuckerberg afirmou que pretende transformar o Instagram em um marketplace de NTFs em curto prazo. Para celebrar o anúncio dos colecionáveis, o CEO da META, publicou o próprio NFT na sua conta do Instagram.
Como investidora de tecnologia e faminta por inovação, sou muito interessada em desbravar esse mundo novo de oportunidades que estão surgindo, como os NFTs. Dentro desse movimento, eu tive a honra de ser convidada pelo Instagram para ser uma das primeiras pessoas no mundo a usar essa nova função de colecionáveis digitais. A NFT “Empreender é viver” faz parte da coleção “Early Adopters” criada pela 9Block e Play9.
Metaverso
O Metaverso é a combinação de ambientes virtuais com a experiência da Realidade Aumentada, e também avançará tendo como sustentação a Web3. Essa nova camada da realidade integra os mundos físico e virtual, permitindo que o usuário realize ações e atividades de forma imersiva nessa nova realidade. Um relatório da Gartner aponta que, em até 2026, 25% das pessoas deverão gastar pelo menos uma hora por dia em algum ambiente metaverso.
Essa camada digital da realidade traz grandes contribuições para diferentes setores. Reuniões corporativas, entrevistas de emprego, salas de aula interativas e até mesmo soluções na área médica já utilizam o metaverso para permitir o encontro de pessoas e a realização de pesquisas nesse complexo ambiente virtual.
A Bloomberg Intelligence estima que esse mercado deve chegar a US$ 800 bilhões (R$ 4,5 trilhões) em 2024, puxado principalmente pelos games de metaverso e por eventos realizados nessa nova camada de realidade. Apesar desse universo digital ainda ser recente, já existem diversos tipos de investimentos relacionados a ele, de pequeno e médio porte, envolvendo a compra de itens virtuais até a aquisição de terrenos digitais.
Riscos e oportunidades
A pandemia acelerou ainda mais a digitalização da sociedade e o crescimento do mundo figital (físico + digital). Em meio ao caos, o destaque a todas as limitações do mundo físico abriu caminhos para o desenvolvimento de soluções tecnológicas, tornando o virtual uma excelente alternativa. O mundo FANI (frágil, ansioso, não linear e incompreensível) marca o contexto do mercado e apenas as empresas e os investidores que souberem se adaptar às imprevisibilidades e não tiverem medo de falhar irão aproveitar todas as oportunidades que a Web3 tem a oferecer para os negócios.
Apesar das grandes oportunidades e do fácil acesso ao mercado da Web3, é preciso estar informado e por dentro das novidades. O mercado continua sendo muito volátil e, junto à dificuldade de regulamentação e fiscalização governamental, pode oferecer grandes riscos, principalmente para investidores sem experiência.
Em tempos de crise surgem novas oportunidades e agora é a hora de participarmos da construção da ponte entre a economia real e o futuro.
Esse artigo foi produzido por Camila Farani, Shark no Shark Tank Brasil, LinkedIn Top Voice desde 2019 e eleita pela Bloomberg uma das pessoas mais influentes da América Latina.
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